terça-feira, dezembro 28, 2004

ICQ...

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Hello Felipe
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Sr. Fantoche (01:46 AM) :
nao.. eu vou pegar o computador e enfiar na sua bunda...

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Poema de um qualquer

Não, nunca fiz o tipo que se mata.
Nunca fiz tipo algum, nem o de humano.
Não faço tipos, nem porra nenhuma.
Eu não me esforço em ser um cidadão.
Sou um cidadão por total descaso.

Por descaso sou tudo o que serei.

Sim, as pessoas, todas elas, são
Nada absolutamente, para mim.
Que digam tudo, que me xinguem; gritem
“Egoísta!”. Eu nem sei o que é o contrário.
Sou egoísta apenas por descaso.

Por descaso sou tudo o que serei.

Talvez eu viva por preguiça, amigos.
Talvez eu tenha amigos por preguiça.
Fale palavrões para impressionar.
Mas gargalho com tanto talvez; rio
Porque estou me fodendo a tais questões.

Por descaso eu me fodo todo dia.

Diana de Hollanda

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Cancioneiro (1)

Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.
A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.
Dorme, dorme. dorme,
Vaga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.


Cancioneiro (2)

Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longamente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.


Ad Perpetuam Rei Memoriam

maus
versos e bons planos
faço isso há anos

é chumbo o alfabeto que aprendi

escrevo
tenho todos os dentes
peso até excessivo
adoeço raramente
nasci no brasil
logo, não existo

cólicas líricas seguidas de vômito
salário não paga minha fome

pedem pão, dou verbo
vergonha não rima nem resolve

às vezes desejo o terror
ilusão do justo restaurado
mas quem garante?

se o tapa é a lei da mão
instaura a selva

eu queria ser inocente

Miriam Páglia Costa